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11 de Maio de 2022

Mauro descarta ter dois candidatos a senador para chamar de seu

Mauro descarta ter dois candidatos a senador para chamar de seu

A ideia de ser uma espécie de “dona flor e seus dois candidatos a senador” fortaleceria, em tese, a sua reeleição. Na prática, ficariam alguns fios soltos com capacidade de provocar curtos-circuitos na campanha.

O governador Mauro Mendes (União) foi do antigo PR, do PSB e do antigo DEM. Ele nunca foi um tucano do PSDB para exercitar a prática política de ficar “em cima do muro”. Em matéria do site Gazeta Digital, o governador “sinalizou” claramente que não pretende abrir o seu palanque majoritário para duas candidaturas ao Senado, caso dispute a reeleição. Segundo ele, a decisão de ter o senador Wellington Fagundes (PL) ou o deputado federal Neri Geller (PP) como candidato ao Senado será tomada após ouvir todos os aliados.  

 

"Acho que em algum momento essa história de ficar em cima do muro não funciona bem. Em algum momento nós vamos ouvir os partidos, os aliados e tomar uma decisão", disse o governador na última segunda-feira  durante entrega de títulos definitivos de propriedades em Várzea Grande.  

 

A ideia de ser uma espécie de “dona flor e seus dois candidatos a senador” parece ser, à primeira vista, interessante, o que fortaleceria, em tese, a sua candidatura à reeleição. Na prática, ficariam fios soltos com capacidade de provocar alguns curtos-circuitos políticos durante a campanha:

 

- Neri e Fagundes apoiariam também a reeleição de Bolsonaro, mas só o segundo é hoje o candidato preferencial do presidente, ambos do PL. Bolsonaro iria rifar a candidatura do companheiro do PL para somar o apoio do também candidato do PP?

 

-Sendo ambos candidatos do governador e do presidente, Neri e Wellington iriam disputar a mesma fatia do eleitorado que estaria dividido entre uma e outra candidatura. É um jogo de perde-perde, cujo o principal perdedor hoje seria Wellington, o nome do PL de Bolsonaro.

 

Além disso há outras questões importantes ainda em aberto:

 

- A ideia perigosa da reeleição moleza, sem adversário, o que coloca Mauro Mendes  na condição de imbatível. A gestão positiva e as pesquisas confirmam o seu favoritismo, mas daí ter a eleição como ganha é uma distância enorme, do tamanho do salto alto da soberba de parte do grupo que incensa Mendes.

 

- Para os adversários à esquerda e à direita do governador há uma lição da própria trajetória política de Mauro Mendes: é preciso ter a coragem de disputar, colocar a cara para ganhar visibilidade eleitoral. Ou seja, na política, uma eleição que se perde nunca é uma derrota por completa, sempre haverá dividendos políticos e eleitorais a serem acumulados para as próximas eleições, desde que o desempenho não seja medíocre.

 

Em 2008, Mauro disputou as eleições municipais de Cuiabá, candidato ao cargo de prefeito, e perdeu. Em 2010, também disputou a eleição para o governo do Estado e perdeu novamente a disputa. Eleito em 2012, venceu o pleito em segundo turno com 54,65% dos votos válidos. 

 

Fica difícil acreditar que a oposição irá lançar um nome qualquer na disputa, um inexpressivo boi de piranha, e não um nome que efetivamente possa disputar para valer contra Mendes hoje e/ou se colocar politicamente na próxima eleição, por exemplo, a prefeito de Cuiabá.

 

Outra expectativa é conferir como se comportará o bolsonarismo raiz em Mato Grosso. Está tudo dominado ou o bolsonarismo raiz que ainda resiste ao nome de Mauro Mendes lançará o seu candidato a governador? Além da ideia de um palanque para dois senadores de Mendes, será preciso conferir, até as convenções partidárias:

 

1) Qual será a estatura política e qual será a força do carisma do candidato da oposição à esquerda;

 

2) E se, à extrema direita, o bolsonarismo raiz lançará ou não um candidato a governador para bater de frente contra Mauro Mendes.

Fonte: pnbonline

Autor: Pedro Pinto de Oliveira