O ex-governador de São Paulo, João Doria, avaliou com otimismo a economia no setor privado no país, embora considere que as condições atuais poderiam ser melhores. Ele, que também vem da iniciativa privada e é empresário, fez um apelo para que “deixem” o ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad (PT), trabalhar "em paz".
“Fico triste de verificar que ações políticas dificultam o desempenho do ministro da Fazenda. Durante uma entrevista em São Paulo, eu disse que deixem o ministro Haddad trabalhar, porque se você cria dificuldades para o ministro da economia e o partido que está no governo, fica muito mais difícil para o ministro conduzir a política econômica do país”, opinou durante entrevista coletiva a jornalistas no Palácio Paiaguás durante visita a Mato Grosso na quarta-feira (19).
Doria, contudo, não fixou nomes de quem estaria criando entraves para a atuação plena do ministro na pasta. Questionado se seria a famosa “Faria Lima”, devido às divergências recentes com o mercado financeiro a cada novo anúncio das ações econômicas do governo federal, ou até mesmo o Banco Central e, ele não apontou.
“O Hadad tem diálogo aberto com o setor produtivo e com os governadores dos estados. Ele nunca se recusou a dialogar com nenhum dos governadores sobre qualquer tema. O que eu vejo é uma dificuldade do próprio Haddad em conviver com o partido que ele pertence e que governa o país. O problema dele não é com a Faria Lima, nem o setor produtivo, é um problema de ordem política, por isso fiz essa menção e refaço aqui, deixem ele trabalhar. Se ele tiver paz, certamente com apoio e diálogo, poderá recuperar economia brasileira e aumentar confiança dos investidores no mercado", defendeu.
Doria ainda mencionou que com maior liberdade para atuar no ministério e fazer as políticas econômicas necessárias, até mesmo o Banco Central teria mais oportunidades para realizar, de forma isenta e independente, uma análise num futuro próximo sobre a estabilização e redução da taxa de juros.
Referente ao projeto de lei encaminhado ao congresso que prevê isenção do Imposto de Renda para pessoas que recebem até R$ 5 mil, que também causou movimentações negativas no mercado financeiro e dúvidas em relação a essa fonte de arrecadação, Doria avaliou que a medida causou uma reação negativa pela forma com que foi anunciada.
Para ele, a comunicação das políticas tem ocasionado o aumento do dólar, a queda do valor do real e consequentemente o aumenta do índice de desconfiança no país. Porém, defendeu que a classe mais pobre que se beneficiaria com a medida saiu penalizada pelas reações do "mercado".
“Não foi uma medida adequadamente anunciada, não vou discutir a essência, se é eleitoreira ou não, mas ela foi inserida numa apresentação de ordem econômica cujo efeito foi nocivo para vida do país e quando isso ocorre quem paga o preço é a população mais pobre e vulnerável”, argumentou.
Afastado da vida política após governar São Paulo entre os anos de 2017 a 2021, Doria deixou o PSDB em 2022, partido onde permaneceu por 20 anos. Ele afirma que não pretende retomar ao meio político e não pleiteia nenhum cargo público em 2026.
Fonte: gazetadigital
Autor: Allan Mesquita e Mariana da Silva Foto Mayke Toscano/Secom-MT