• Quinta-Feira, 26 de Junho de 2025
  • 13:26h
23 de Fevereiro de 2025

Procedimentos complexos identificam vítimas encontradas em áreas de mata

Procedimentos complexos identificam vítimas encontradas em áreas de mata

11 já foram localizados no cemitério clandestino de Rondonópolis (212 km ao sul de Cuiabá), durante essa semana. Após a retirada das ossadas, é realizado um trabalhoso processo da perícia para constatar as identidades dessas vítimas. Até o momento, apenas duas ossadas têm identificação: Carla Bruna da Silva Lima,35, e Luiz Otávio de Souza, 25.


Como o Instituto Médico Legal (IML) de Rondonópolis não possui as tecnologias necessárias para identificar essas vítimas, os corpos são encaminhados até Cuiabá, onde passam pelo procedimento adequado.


Ao , a papiloscopista Simone Delgado explicou como é realizado esse processo de identificação dentro do IML.


“Um dos métodos utilizados é o Sistema Automatizado de Busca de Impressões Digitais(ABIS), avanços de técnicas de coleta através de tratamentos químicos, quando o cadáver chega em fenômenos cadavéricos que ocorrem após a morte, cadáveres decompostos, carbonizados, a gente utiliza técnicas avançadas hoje em dia para tentar recuperar aquela impressão digital pela degradação do tecido”, relatou.


Para que os corpos sejam liberados pelas famílias é necessário que sejam identificados por meios técnicos. “A necropapiloscopia, o exame de DNA e a arcada dentária, são os únicos métodos oficiais, que identifica a pessoa oficialmente. Esses métodos são preconizados internacionalmente e recomendados pela Interpol”, explicou.


Ainda que esses corpos cheguem ao IML apresentando apenas o esqueleto, é possível a identificação através das impressões digitais.

Chico Ferreira

Simone Delgado

 


“O exemplo que nos tivemos no cemitério clandestino de Lucas do Rio Verde mostra isso, 4 corpos foram identificados pela impressão digital, mesmo chegando em avançado estado de decomposição. Porque é o papiloscopista que vai fazer uma análise minuciosa para perceber se tem pele ali”, pontuou.


Por vezes, mesmo que haja somente a ossada, a identificação por arcada dentária é mais complicada, devido à necessidade de que a vítima tenha realizado algum exame odontológico anteriormente.

Chico Ferreira

Lowrrayny Franchesca

 


“Nesses casos é necessário que família venha até o IML com o exame odontológico da pessoa, para fazer a comparação e constatar se é ela mesma. Nesses casos, tem que ter um nome provável para que o exame seja solicitado para um familiar”, explicou a técnica de necropsia, Lowrrayny Franchesca.


Simone destacou a importância de identificar essas vítimas, pois é somente depois de saber quem é aquela vítima se torna possível o andamento das investigações. 


“A gente faz a identificação para provar a materialidade daquele crime. A identificação dá um norte para investigação criminal. Porque quando possui um inquérito aberto com um cadáver sem identificação, a investigação fica sem rumo, fica arquivado. Com a identificação, é possível reabrir aquele inquérito que, por vezes, é antigo”, finalizou.

 

Somente este ano, 23 corpos foram encontrados em cemitérios clandestinos usados por facções criminosas no estado. Um deles em Rondonópolis, onde 11 corpos foram achados, e o outro em Lucas do Rio Verde. Até o momento, apenas parte das vítimas foram identificadas.

Fonte: gazetadigital

Autor: Ana Júlia Pereira Foto Varlei Cordova/AgoraMT